segunda-feira, setembro 22

Voltei... e com textinho longo...

Vou reativar o blog e essa postagem é para compartilhar os motivos.
Eu e alguns amigos decidimos criar o blog na época de faculdade. Eram nossas primeiras experiencias na cozinha e muita coisa terminava em desastre, tinha aquele clima louco de republica, reunião de amigos em torno da comida e muita bebida e despreocupação (até com as medidas das receitas). Experiencias tão coerentes com o espirito universitário que decidimos compartilhar.

Hoje volto em outro clima, com muita coisa reelaborada.

Larguei a faculdade, fui trabalhar no shopping, sem muito tempo, comia muita comida de rua (grande paixão) e de shopping. Meus empregos nunca tiveram o ritmo considerado normal, rotina era impossível (talvez tão impossível quanto indesejada), resultado: meu corpo virou uma bagunça, comecei a ter problemas gastro-intestinais que eu nunca imaginei, até então eu sempre fui um avestruz.

Larguei a dieta vegetariana, por uma questão unicamente pratica e eu me senti culpada e envergonhada quanto a isso por muito tempo. Nunca deixei de acreditar que a dieta vegetariana é mais humana, que a exploração animal é algo abominável, criminoso, cruel. No entanto a realidade é que para ser vegetariano você precisa de tempo ou de dinheiro. É possível ser vegetariano quando você tem tempo de preparar sua própria comida ou dinheiro para uma refeição decente. Nunca acontecia, primeiro emprego, busca orgulhosa por independência, trabalhava das dez às dez, com poucos minutos de horário de almoço,  faltava de tempo para procurar lugares saudáveis e baratos, se é que existiam. As vezes eu tinha que comer com cinco reais = lasanha pronta,  fast food trasheira como habibs, ragazzo, burguer king. Não ser mais vegetariana doia e sempre jurava pra mim que quando minha vida melhorasse iria voltar à prática.

Isso tudo era suportado por um certo junk pride meu, essas dietas saudáveis, esses alimentos ultra-idolatrados me pareciam algo com um quê aburguesado e fútil. E de certa forma, eu não estava totalmente errada, alimentos mais saudáveis como orgânicos são caros ou dificeis de encontrar em supermercados populares. E muita gente só sustenta os benefícios estéticos da comida saudável, conheço uma senhora cujo médico indicou não tomar mais leite e ela adora dizer o quanto sua pele melhorou depois disso, mas ela nunca diz e aposto que nem sabe que o consumo de leite nas mulheres estimulam a produção de estrogênio e por isso pode causar câncer.

Hoje meu estilo de comer é outro. Como elaborei tudo isso? Primeiro de tudo, minha vida agora não é mais tão louca e a pindaíba maior passou, hoje tenho estrutura para pesquisar e elaborar a comida.

Quanto à minha saúde, primeiro eu pensei que minha sensibilidade era a algo em especifico, gluten, lactose, e todos esses novos demônios das revistas fitness. Mas chego a conclusão que o problema é o desequilíbrio, o estilo de vida afastado do natural, alimentos com tranqueiras industriais. Venho buscando alternativas mais equilibradas, alimentos que fazem bem e isso tem melhorado até mesmo meu transtorno bipolar, minhas crises de ansiedade, as fases de depressão. Sem falar que viver em função do estado da sua barriga é infernal, a dieta mais equilibrada e consciente melhorou minha qualidade de vida.

Quanto ao vegetarianismo. Cada momento mais acredito em consumo consciente. Tenho nomeado muito isso nesse ultimo mês e quero aplicar em tudo na minha vida, principalmente nas roupas que eu confesso que compro demais. Mas inconscientemente eu já fazia isso com a comida. Acredito que não adianta não comer carne alguma mas basear toda a dieta em ovo e leite, apenas substituindo uma proteína animal por outra, exagerando no queijo tanto quanto exageram em churrascos. Ou ainda ser vegano todo trabalhado nos produtos industrializados e na soja, cultivada por grandes produtores, que desmatam, poluem, acabam com a agricultura familiar, exploram trabalhadores do campo e concentram renda. Acho o vegetarianismo e o veganismo propostas dignissimas, quando acompanhadas com consciência de um todo.

Acredito no equilibrio. Acho que funciona para mim. Para o meu ritmo de vida, que melhorou, mas ainda é  bem maluco, ainda como muito fora e as vezes todos os dias da semana, nem sempre posso fazer comida em casa. Acredito em evitar os excessos, mas quando eles rolarem, que sejam sem culpa e que meu corpo esteja preparado para eles.

Isso casa com o momento budista que estou vivendo. Para o budismo a maior causadora do sofrimento é a ignorância. E vejo que a minha alienação causou mal até mesmo ao meu corpo.


E é tudo isso que quero compartilhar em forma de receitas.



Um comentário:

  1. Woohooo, blog de volta! :D

    E pra comemorar, vou agorinha preparar uma Água de Jamaica, pra espantar esse calor da Zâmbia!

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